cobertas

O lençol ainda tocava no meu queixo quando o puxei até os meus cabelos. Estando coberta imaginei que esqueceria o miado desesperado do meu gato. Desesperado por sexo.
Aproveitava e tentava me esconder do mundo, esconder a minha feiura, feia demais. Tentava ainda lembrar dos elogios dos puxa-sacos, mas eram apenas puxa-sacos, sem fundamento algum.
Dormi por segundos, e esses segundos nessa época quente do ano era quase uma eternidade, sonhei rapidamente com alguém me abandonando e graças a esse abandono tudo acontecia. Mas acordei, e nada acontecia. Como era de costume voltei a deitar minha cabeça no travesseiro e olhei a parede por horas, descobri formigas, teias e ouvi barulhos de tambores do lado de fora da janela. Afinal, era quase carnaval, talvez fosse um bloco. Mais tarde descobriria que era apenas um jogo de futebol.
Pro carnaval eu planejava comer cogumelos e descobrir outra dimensao, pensei em abrir a janela e ver o bloco passar, mas nesse meio tempo meu gato voltou a miar, me cobri novamente, fingindo nao ouvir, e enquanto fingia, parei realmente de ouvir e dormi de novo. Ao acordar nao lembrava o q havia sonhado.
O vizinho, porem, havia arrumado outra mulata.