Sabe, hoje fiquei olhando a rua da janela, não faço isso sempre, mas gosto de olhar por diversos angulos, acreditas que de baixo pra cima me sinto numa fazenda, numa lugar bucolico? Inacreditavel, já que moro numa rua tão movimentada e barulhenta como sabes bem. Mas a madrugada salva tudo, nos salva até da modernidade que tanto atrapalha a literatura. As folhas, e eram muitas, estavam no chão, estranho, não sabia que estavamos no Outono. Estavamos não. Porque nunca estivemos. Estou e estás. Assim, separados.
Depois sentei na janela e fiquei fumando um cigarro, um desses cigarros contemplativos, fiquei pensando em voce, sentado no meio de duas mulheres, rindo com elas e vivendo qualquer outra coisa. Não me incomoda. Como diriam todos ao meu redor, a rejeiçao me seduz. Então, presta atenção, voce é incapaz de me seduzir. Só a rejeição é. E qualquer um pode rejeitar, logo você se torna comum. Só mais um.
Logo amanhece, os carros voltam, o telefone volta, talvez eu dê um mergulho no mar, talvez durma até de noite, não sei bem. Sei que logo tambem os bebados do boteco voltam a gritar e a rir, e o cheiro de óleo vai subir pela minha cozinha e tirar minha fome já tão rara.
Não vejo a hora de passar por tudo isso. Por enquanto meu estomago dói.

Minha fraqueza ainda vai me levar ao chão no meio da multidão, e vou terminar assim, pisoteada. Mas não importa. Que a modernidade volte e me tire logo essa mania de escrever.