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Tuesday, August 09, 2005

Lovely Rita



Rita sentava-se sempre na minha frente e de frente. Só via suas costas enquanto andava ou enquanto trepavamos, na maioria do tempo ela apenas depositava seu olhar amargo e cheio de verdades em mim.
Nunca tinha pensado em fazer terapia, mas minha mulher chegou a conclusão que eu tinha me tornado um doente, um descontrolado, um sujeito triste incapaz de viver, eu a considerava uma neurastenica, mas sempre fui frouxo o suficiente pra nao falar isso pra ela. No fim das contas ela resolveu que eu era mesmo o unico que precisava de ajuda, acatei sua decisao, e já começava a imaginar que ela tinha certa razão.
Fiquei feliz quando vi a Doutora que minha mulher tinha arranjado, me senti até agradecido. Conversar com uma mulher linda seria uma total novidade na minha vida, as mulheres lindas, as realmente lindas sempre me evitaram, ao mesmo tempo que nunca fui amigo de mulheres, mesmo das feias, sempre me pareceram histericas e quando chegava perto delas era inevitavel sentir o cheiro de sexo, pra mim mulheres se resumiam a histeria e sexo. Foi facil conquistar minha mulher, ela nao era feia e de longe a mais bonita, trabalhava comigo e foi obrigada pelas circunstancias a me dirigir a palavra e o resto foi facil. Casei porque precisava de cuecas limpas e sexo, em alguns momentos acabei me apaixonando, mas em geral fugia dela, aceitava o que ela pensava e até casei na igreja. Elas são só sexo, mas são um sexo cheio de exigencias.
Vamos voltar a Doutora, ela se chamava Rita e nunca me deixava deitar no divã enquanto conversavamos, me mantia ali sentado em sua frente. Dizia que eu era interessante, desde o primeiro dia ela me tratou com intimidade, achei estranho, diziam que psiquiatras se mantiam sempre frios e afastados, mas nunca reclamei.
Geralmente eu nao tinha muito o que falar pra ela, acabava perguntando como ia sua vida, e invertendo os papeis, imaginava que deveria sentir falta de falar de si mesma, os seres humanos são naturalmente egocentricos. Rita gostava da inversao de papeis e falava animadamente de sua vida, historias engraçadas, trágicas, todas incomuns, me apaixonei e invejei sua vida.
Trocamos telefone como se tivessemos nos conhecido em um bar, queria perguntar se ela fazia isso com todos os outros pacientes, mas não ousaria. Um dia me ligou na hora do almoço, estava de folga, queria tomar um chopp e talvez um sorvete de kiwi, eu não podia, mas fui mesmo assim. Nos encontramos num bar em frente a praia, ela ja havia me falado o quanto gostava do horizonte, achei um bom momento pra aplicar meus conhecimentos sobre ela.


um dia continua...
Posted by Picasa

3 Comments:

Anonymous Anonymous said...

O suposto conhecimento do sexo oposto é apenas uma distorcida manifestação de ressentimento. Entenda-se logo com papai.

12:30 AM  
Blogger Thaïs Kisuki said...

Não? Eu acho que deveria ;P Está muito bonito mesmo, mas por enquanto não me diz nada...

Isso parece mais um disparato freudiano, anônimo...

8:00 AM  
Anonymous Anonymous said...

DisparatE.

8:56 AM  

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