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Sunday, June 05, 2005

Nao me convidaram pra essa festa pobre(?)...

Mas eu fui do mesmo jeito.

Eu e um amigo, não voces nao conhecem, fomos ver Os Negros lá no CCBB, uma peça detestavel, na saída fomos beber ali atrás. Os chopps iam descendo, enquanto isso pessoas chiques desciam de carros ainda mais chiques e entravam na boate ao lado. Especulações: "É um puteiro chique", "Não não é". E por aí foi. Estava ficando tarde e precisavamos pegar o ônibus pra voltar pra casa, iamos em direçao a praça xv, pra issso demos a volta no quarteirao. E lá estava: a porta de trás da festa, aberta, sem segurança. Vamos entrar? Pq não? Entramos. Nem ao menos imaginavamos do q se tratava.
Todas as mulheres estavam impecaveis, jogadas dentro de seus vestidos, equilibrando-se em salto alto e evitando contatos fisicos pra nao borrar a maquiagem. E eu, jogada dentro de uma calça velha e manchada, um tenis adidas e uma blusa listrada de manga comprida. Meu amigo, tambem nao estava bem vestido. Fiz carão, e acho q acreditaram que era aceitavel q eu estivesse naquele lugar. Rapidamente descobrimos a comida e a bebida de graça. Sex on the beach, canapés, cerveja. Tudo. Mas ainda faltava descobrir q merda era aquela, a unica coisa que sabia é que estavam todos falando em ingles. Um puteiro pra gringo, eu pensei. Mas sabia que nao era algo tão divertido. Dava pra sentir o cheiro do tédio.
Sentei no sofá, coloquei meus pés em cima da mesinha e um trouxa sentou ao meu lado.

- Do you speak portuguese?
- Claro.

A minha resposta, provocou um certo constragimento nele. Perguntou se eu era VIP, com quem estavamos, se haviamos pagado, essas coisas. Ao longo da conversa percebi q era uma formatura, e se todos falavam ingles, obvio que era a formatura do colégio americano. Babacas. Então lembrei do Jota, ele havia comentado sobre a formatura de um amigo dele, e conhecido meu. Hm. Juntei as peças. E respondi que estava ali com ele. Depois de algum tempo descobri que ele nao estava lá. Legal.
Porem, duas coisas podiam ter me tirado daquele paraiso 0800, o cigarro que estava acabando e o absorvente que já estava nas ultimas. Por sorte nos banheiros de festas burguesas há sempre absorvente, engov e afins. E o problema do cigarro eu resolvi botando em pratica a minha santa cara de pau, fui na porta e falei com o segurança. "Aim, moço, meu cigarro acabou, preciso muito sair pra comprar" "Claro, claro, vai lá" "Voce vai lembrar de mim quando eu voltar?" "Lógico, nao esquecerei." Fui e voltei. Entrei pela porta da frente.
Ficamos lá, nos empanturrando de comida e bebida. Comi pirulito, chocolate, jujuba, delicado. Mas ainda faltava uma coisa, invadir a area VIP, dedicada apenas pro formandos e mais ninguem. Esses tinham umas pulseiras coloridas e brilhantes. Decidimos que iamos entrar. Meu amigo foi barrado, eu subi rapidamente. Eu fiquei em cima olhando pro segurança, fiz sinal pra ele deixar meu amigo subir. Ele deixou. Me senti bem importante. Lá em cima foi uma decepção, nao tinha nada demais, nem pessoas, só comida e o melhor de tudo, uisque. E então fiquei realmente bebada.
Lembro tambem de ter barrado pessoas no banheiro, e talvez tenha arrumado alguma pequena confusao. Banheiro feminino comigo bebada é sempre uma razão pra temer. Em geral, passamos desapercebidos, me senti como um ser invisivel que ri da cara de todo mundo, bebe e se diverte, mas nao é visto. Os outros.
Num determinado momento, percebi que nao tinha mais condiçoes de ficar ali. Saimos pra pegar o onibus. Ficamos muito e muito tempo esperando no mergulhao. Pra que nao tem ideia do que é o mergulhao, imagina uma especie de tunel, sem ninguem, escuro, no centro da cidade. Sinissstro.
Um carro da policia passou, e eu... justo eu, quem me conhece sabe o quanto abomino policia, pedi pra eles pararem, e adivinhem, PEDI CARONA. Porrr faaavorr, estamos aqui a horaaas, voces vao pra botafogo? precisamos muiiito chegar em casa. Não, vamos pro aeroporto, se quiser carona. Ahm, entao deixa, o aeroporto nao eh muito melhor do que aqui. Acabamos pegando um taxi. E sei que cheguei em casa, fora isso mais nada.
Isso me lembrou, quando invadi junto com o Pedro e uns gauchos, uma festona de celebridades em Gramado, mas não me sai tao bem nessa primeira experiencia como penetra, saimos fugidos, pq se nao pagariamos 300 contos. Entramos e saimos pela cozinha, e um amigo ainda ficou preso do lado de dentro. Terror. Mas sinto que vou ser penetra profissional. Talvez escreva uma tese, ou talvez vire a penetra mais conhecida do Brasil. Tô fazendo qualquer coisa pela fama.
Adoro imprevistos. Adoro minha adolescencia. A vida parece valer a pena.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Interessante, tati. Sua aventura parece uma versão feminina de Perdidos na Noite ou Midnight Cowboy. Lembro de uma cena em que os personagens principais entram em uma festa meio fashion/meio junkie com o visual totalmente antagônico ao padronizado no local. Mas nem por isso deixam de se divertir, embriagar, picar, etc...

Beijos!

8:27 PM  

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