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Tuesday, August 23, 2005

Houve uma vez dois festivais

Antes, mas bem antes, tipo há uns 4 anos atrás eu tinha um super-preconceito com o festival de Gramado e com a cidade em si. Sabe como é globais, casinhas burguesas, tudo organizado, papai noel, chocolate, tudo parecia cheirar a imitação e chatice, enfadonho demais, era isso q eu pensava.
Ano passado o Jota e o Pedro me convenceram a ir, claro q nao precisaram se esforçar muito, viagem é sempre bem vinda. Fomos de carro, paramos em Sao Paulo, Florianopolis e depois direto pra Gramado onde a primeira vista só tive a certeza amarga de tudo q eu pensava. Mas como a expressão "a primeira impressão é a que fica" só funciona com desodorante, não demorou nada pra eu perceber que tudo ia muito além do oficial. No albergue conheci pessoas que fizeram tudo valer a pena, estudantes de cinema, que estavam lá, mas ainda assim longe da fraude, dos foundes de 30 "pillas", das festas de celebridades, dos filmes de merda. Invadimos festas, vimos a mostra de video, bebemos Bohemia de graça, fumamos, rimos e ainda andamos algumas vezes no maldito tapete vermelho, sem pagar claro, e ainda fomos todos confundidos com celebridades pela macacada. Construimos um tipo de parceria, um tipo de album de memorias.
Esse ano fui de novo, dessa vez com o Jota, o Fidel, o Joaquim e os outros, dessa vez de avião, sem tanta emoçao na ida, porque nada supera a rodovia da morte e o Pedro dormindo nela e quase nos matando. Viajei com amigos que por uma semana mais pareceram conhecidos e encontrei com amigos que só havia visto há um ano atras. Fiquei na casa onde todos falavam Tchê e Bah, alem do classico Afudê, uma cabaninha aconchegante e tipicamente serrana. A maioria das coisas que fizemos deveria ser censurado, mas isso não funciona por aqui.
Todos os dias eram dias de gargalhadas, de Polar (cerveja gaucha e "bah" como é boa), maconha, cinema, festa, carne e outras coisas que é melhor nao citar. Aranhas no teto, aranhas engraçadas. Frechas no chao do quarto de cima, espionagem. Ponta de baseado virando mariposa. Lua, sol, quase um eclipse. Uma pessoa invisivel que nunca saia do banho. Uma fenda com moedas. Risos. Churrasco gaucho, orgia de comida (no ultimo dia, pq em geral fiz a famosa dieta da pobreza). Pra mim Gramado virou Woodstock. "Vim pra cá pra me divertir e nao me envergonho disso", é isso aí Luma, concordo com voce.
Há sempre dois festivais, há sempre alguem indo contra, e criando algo, um dia talvez eu viaje pra lá e encontre um verdadeiro festival "marginal", algumas coisas me fazem acreditar nisso. Sem duvida muitos filmes vao nascer dali. Algumas pessoas ainda vivem na regra, pagando caro, fazendo programas de turista, enriquecendo o festival, se um dia todos descobrirem o que há por trás, o que acontece nos bastidores, vão se divertir muito mais, por outro lado se os moradores daquela cidade tão pacata sonharem com isso vão entrar em panico. Cultura e contra cultura, isso ainda existe, e é muito bom saber disso.
No fim ouvi "parceria, ein, parceria". É isso e a maioria das pessoas esquecem. Por alguns momentos nao quis voltar, mas já tava na hora, meu gato tava se mijando de saudade e eu tb já sentia saudade dele, do Ramos e da Lara.
Certas viagens não foram feitas pra serem escritas. Simples assim.

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